quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Belém do Pará: LIFE — abril de 1957.

Em dezembro do ano passado fizemos duas postagens motivados por e-mails recebidos:
1.
Belém do Pará: curiosos ônibus da década de 1950.
2. Jaime Bibas e os ônibus-zepelins de Belém do Pará.
As duas trataram dos ônibus com formato de dirigíveis, ou zepelins, que circularam em Belém na década de 1950.
O Blog dos Carros Antigos, que tem foco em automotivos do passado, complementou uma postagem sua:
Viação Triunfo, Belém do Pará, 1957,
aproveitando as fotos e parte do texto que o Jaime Bibas nos enviou. Do mesmo modo que nos beneficiou com uma foto exclusiva lá postada, citando o Museu Virtual do Transporte Urbano.
O Nikollas Ramos, gerenciador do Carros Antigos, digitalizou o seu exemplar do jornal carioca O GLOBO de 10 de dezembro de 2008 para que ampliássemos nossas ilustrações a partir da
Viação Triunfo e os ônibus Zeppelin do Pará.

Página inteira de O GLOBO, ampliável, digitalizada pelo Nik do Carros Antigos.

Fotografia digitalizada em pormenor pelo Nikollas: ampliável para melhor visualização.

Caçar imagens para um acervo visual público nos excita. O mundo é menos chato quando se tem figurinhas para colecionar e trocar. Por isso fomos atrás do acervo fotográfico da revista americana LIFE — concitador da curiosidade por esse passado da Belém dos zepelins.
Encontramos a tão sonhada “mina”:
http://images.google.com/hosted/life, mas o garimpo deu-nos poucas e nanicas pepitas do ano de 1957, que aqui postaremos com os seus respectivos links:

Locomotiva na Estaçao Ferroviária do Entroncamento.

Link para acesso direto à LIFE:

(http://images.google.com/hosted/life/l?imgurl=e3d349ea790947d1&q=Bel%C3%A9m%20Brazil%201957%20source:life&prev=/images%3Fq%3DBel%25C3%25A9m%2BBrazil%2B1957%2Bsource:life%26hl%3Dpt-BR)

Chegada das canoas no Ver-o-peso.


Link de acesso direto à LIFE:

(http://images.google.com/hosted/life/l?imgurl=715e8fc53614afc3&q=Bel%C3%A9m%20Brazil%201957%20source:life&prev=/images%3Fq%3DBel%25C3%25A9m%2BBrazil%2B1957%2Bsource:life%26hl%3Dpt-BR)

Um "zepelim" trafegando pela molhada São Jerônimo esquina com Alcindo Cacela.

Link de acesso direto à LIFE:

(http://images.google.com/hosted/life/l?imgurl=65defeb33de9baee&q=Bel%C3%A9m%20Brazil%201957%20source:life&prev=/images%3Fq%3DBel%25C3%25A9m%2BBrazil%2B1957%2Bsource:life%26hl%3Dpt-BR)

Tudo OK até agora? É possível seguir nossos passos?
Se pesquisarmos na LIFE “Belem, Brazil, 1957” só haverá as três ocorrências aqui postadas, todas creditadas a Dmitri Kessel*, no mesmo mês de abril, típico de chuvas; o que nos faz crer que: o mesmo fotógrafo registrou as imagens freqüentemente divulgadas na Internet, sempre, e apenas, da viação Triunfo. As da viação Sul Americana, publicadas no livro Cidade Transitiva de Armando Mendes (acervo de Carlos Rocque); supõe-se: foram feitas por outro retratista, em época e circunstâncias distintas. Senão vejamos:
A descrição da LIFE para o primeiro cromo, em tradução livre, poderia ser “queimando lenha na Estação de Belém para pegar o trilho da Belém-Bragança”. Confiável, não?
A da segunda foto, também em tradução livre, “um bando de veleiros no porto de Belém”, no caso o imediatamente reconhecível: Ver-o-peso. Sem problemas, certo?.
Já a legenda do “zepelim”, apesar de suscitar poucas dúvidas na tradução, nos deixa três perguntas para fazer à frase “o único dirigível da ‘viação Triunfo’ funcionando em Belém”: Era o único da Triunfo naquele dia em especial? Era o único do modelo dirigível em funcionamento? Era o único porque, sui generes, a Triunfo operava com um só veículo (“dirigível”) e merecia destaque? Era o único porque os outros já se tinham ido à (cidade de) Manaus e à (cidade de) São Luís?

Essas dúvidas serão dirimidas pelos comentaristas que dominam o inglês e os guardiões da documentação histórica de Belém. Melhor seria se tivéssemos mais e melhores "figurinhas". Contudo, mesmo na falta de evidências, apostaríamos que a LIFE chegou tarde demais para registrar os exclusivos zepelins e perseguiu o último Triunfo pela Cidade, dando-lhe destaque ao ineditismo, principal valor de uma obra de arte.

De volta ao “Tesouro Aberto”, como O GLOBO se referiu aos arquivos imagéticos da LIFE, buscamos “Belem, Brazil” e obtivemos 12 resultados, incluindo os já mencionados e aqui discutidos.
Oito fotografias são de 1943 tiradas por Thomas D. Mcavoy e uma, isolada, de 1940, feita por Hart Presto, com ponto de vista na Baía do Guajará, focando o Forte do Castelo e seu entorno. Essa, mesmo fora de contexto, e, parecendo diletantismo de viajante, vai aqui postada:


Baía do Guajará em 1940: Hart Presto, de um navio, capturava o Forte do Castelo.

As dose fotos de dito “livre acesso” são enganosas porque a LIFE disponibiliza o material em baixa resolução, cobrando dólares nas “encomendas” com qualidade.
A LIFE/GOOGLE é um mostruário, um catálogo comercial que não ajuda em nada os internautas quinhoístas; ao contrário, canaliza a originalidade da memória preservada aos veículos de comunicação endinheirados, como foi o caso do jornal carioca, que deve ter desembolsado significativos dólares, para publicar com exclusividade, a foto inédita do já morto Dmitri Kessel.
Agradecemos ao Nikollas Ramos do Blog Carros Antigos que, na contra-mão da sovinice da revista LIFE, não mediu esforços para propiciar acesso às imagens publicadas em O GLOBO, com boa resolução na Web. A divulgação de reproduções virtuais de estampas de interesse cultural público deveria ser prática solidária e habitual na Rede Mundial de Computadores; dando aos originais reais e datados, o valor imensurável que possuem: tanto pelo simples mérito, quanto pela genialidade de seus autores — aí sim, que se pague caro, pela qualidade física, o resgate; e absolutamente nada pelo direito do uso de uma mera cópia.


*Dmitri Kessel estava com 55 anos quando fez as fotos de Belém. Russo ucraniano imigrou com 21 anos para os Estados Unidos. Correspondente de guerra e fotografo de combate, não voltaria com as mãos abanando à revista LIFE — bem montou a cena para registrar o que lhe havia mandado o magazine estadunidense.

Postscriptum em 19 de janeiro de 2009 (como resposta aos comentários):

“Como é o caso da foto do Zep na rodoviária ou posto de gasolina, não sei ao certo.” (Nickollas Ramos)
“Acho Haroldo, sem ter muita certeza disso, que a *cobertura modernosa* que se vê na foto, é uma parte de um *clipper* de ônibus que havia por ali.” (jaime Bibas)

O comentário do Jaime Bibas suprime a dúvida do Nickollas Ramos e a imagem abaixo, uma das que compõem o álbum "Belém do Pará: fotos do início da década de 1970.", ratifica o dito do Bibas. Nessa visão aérea do Ver-o-peso nota-se que há três "'clipper' de ônibus" circunvizinhos que permaneceram de pé, pelo menos, até o início da década de 1970:

8 comentários:

  1. Meu irmão, esse fudido pegou foi muita chuva. Tá tudo molhado nas fotos dele. Vai ve que ele seguia onibus pela cidade toda pra fotografa. Gostei da fica no linque, tem muita foto do Rio, você já viu?

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  2. Haroldo, sua teroria é muito interessante e plausível, mas talvez nunca saibamos se este foi o último Zep, quiça caçado pelas ruas de Belém como um troféu para o Editor americano de um fotógrafo russo, olha que salada bonita.
    Vejo que você, como eu, sempre lamenta não termos mais um ou outro registro sobre determinado fato histórico. Mas, ora bolas, esta é boa ansiedade pois, na verdade, se tivermos pelo menos um registro estará eternizado a beleza do passado em um substrato qualquer, preservada para a admiração dos ditos modernos, como nós.
    Como é o caso da foto do Zep na rodoviária ou posto de gasolina, não sei ao certo. A cena é surreal mesmo, repare naquele teto em elipse, moderno até para 1957 e o conjunto que forma com o nosso ônibus e o fundo, colonial, rural, vetusto. É uma cena formidável!
    A propósito, eu percebi que a indexação dos arquivos da Life nem sempre está correta ou foi sequer feita. Por exemplo, se você digitar "brazilian essay" source:life na busca de imagens do Google vamos ver imagens do Rio que não se acha na busca por Rio de Janeiro. Quem sabe não há outras sobre o nosso Belém?
    Por favor, mesmo que daqui 20 anos, me avise caso descubra algo novo sobre esta epifania na minha cultura automobilística que foram ter conhecido os ônibus Zeppelin de Belém do Pará.
    Abraço do amigo Nikollas Ramos, Blog dos Carros Antigos.

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  3. Tô vindo dos Carros Antigos e gostei muito dessa discussão, porque é uma viagem no tempo. Vocês não tem uma biblioteca em Belém, deve ter jornais lá que mostram o cotidiano da cidade. Se tem aí um Arquivo Público deve ter um setor de digitalização de obras raras, ou coisa parecida. Eu moro em Porto Alegre e estou pretenso ao ir para o FSM. Quero conversar com você, vou mandar um email certo? Parabéns pelo artigo que faz a LIFE Magazzin parece um vilão poderoso que persegue um simples ônibus. É muito legal.

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  4. Cara... que legal esse busão... parece um ovo de barata... ehueheuehueheuehueheue... mais uma q não esperava do meu vizinho... Beijos HB! =*******

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  5. E-mail que recebemos do Jaime Bibas:
    "Já conhecia essa foto, daquele site no qual, o Google publica o acervo
    digitalizado da Revista LIFE. Acho Haroldo, sem ter muita certeza disso, que a *cobertura modernosa* que se vê
    na foto, é uma parte de um *clipper* de ônibus que havia por ali. Pela posição (que lembro) ele não ficaria bem
    no local da foto. Mas, posso estar enganado ou, haviam dois. Não sei bem. Mas, no clipper que lembro, parava o
    ônibus *Circular*. E o zepelin fazia essa linha.
    Outro dia soube de uma informação interessante através de um filho do Armando Mendes, o Artur (é antropólogo
    da FUNAI), que mora em Brasília. Os Zepelins, parece, eram da frota de uma empresa que pertenceu ao pai do
    Fernando Coutinho Jorge. Foi através dele (Fernando) que o Armando conseguiu as fotos que estão publicadas no
    seu livro, o *Belém Transitiva*. Pode ser que através do Fernando se consiga outras informações.
    Tenho uma ilustração de um calendário antigo, que mostra o clipper que falei. Vou achar, escanear e mando
    pra publicares no teu - ótimo - blog.
    Abração."

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  6. E-mail que recebemos do Paulo Cal:
    Haroldo o "terminal" ou simplesmente "parada de onibus" era o que se chamava de "Cliper". Existiam no ver-o-peso, Nazaré, São Braz, Pc. das Merces, Guamá (final de linha) etc, etc... Abraços do P.Cal

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  7. Muito bom o seu blog. tenho um fusca 66 impecavel e quero vender mas não sei como e nem preço, vc poderia me ajudar? ficarei aguardando, meu celular é: 8812-0115

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  8. MUITO LEGAL VER BELEM ANTIGA E SABER QUE ELA ERA TÃO BELA QUANTO HOJE.MUITAS COISAS INTERESANTE EXISTIA NA QUELA É POCA.SENDO QUE HOJE NÃO SOBROU QUASE NADA.PARABENS PELA MATERIA,MUITO CRIATIVA.ONDE SE ENCONTRA ESSE ONIBUS HOJE.

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