quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Belém do Pará: a expiação suprema do cidadão!

Por um triz não perdemos nossos filhos que saíam de uma pizzaria na Boaventura da Silva, próximo à 9 de Janeiro, às 20:30 horas de ontem.
As marcações na foto de satélite do Google (abaixo), feitas a partir das informações dadas por eles ao telefone, mostram o grau de perigo ao qual esses moços foram expostos — todos quatro (dois casais) completando o primeiro ano universitário.
Foram eles testemunhas oculares da parada do automóvel (JUM 0225) do jovem advogado e procurador municipal Marcelo Castelo Branco Iudice (33 anos) feita por um dos assaltantes a uma farmácia às proximidades. Não viram mais porque se abaixaram e rezaram até a sensação de mínima segurança ser “restabelecida” com a presença da ROTAM — Ronda Ostensiva Tática Metropolitana, uma reedição, esperamos que melhorada, do antigo e desatinado PATAM, sem nenhum arcabouço intelectual para combater o crime.
O facínora tentara parar outro carro, que não obedeceu a essa ordem; daí postou-se à frente de Iudice, que trafegava na 9 de Janeiro, depois do cruzamento com a Boaventura. Marcelo rendeu-se ao bandido e desceu do carro, todavia, com um revólver apontado ao peito, foi obrigado a retornar ao veículo, para, em instantes, ser morto — os meninos não viram em que circunstâncias, porque o Polo de Marcelo Iudice é tão peliculado quanto o deles.
O mapa mostra a situação de um veículo em manobra, exatamente onde estavam os garotos: partindo do estacionamento permitido no acostamento da 9 de Janeiro.
Eles escutaram dois tiros e viram um homem correndo passar pela lateral do automóvel (círculo e trajetória verdes), no meio da 9 de Janeiro, tentando parar o primeiro carro (retângulo azul) e, na seqüência, abordando Marcelo (retângulo e trajetória vermelhos). A prudência de aguardar o fechamento do sinal pode lhes ter salvado a vida — caso o vaivém estivesse concluído (retângulo amarelo), seriam eles os abordados pela besta em fuga.
A repetição de acontecimentos funestos em Belém assemelha-se aos bombardeios no Oriente Médio, com um detalhe: nós não possuímos abrigos anti-assalto. Somos todos vulneráveis em qualquer hora do dia, da noite, ou da madrugada.
Em pleno “estado de sítio” às vésperas do Fórum Social Mundial, nossas garantias individuais foram cassadas pela soberania da marginalidade truculenta. Estamos no inferno: vivos ou mortos.
Por um milagre — e sempre tal prodígio será atribuído à Nossa Senhora de Nazaré, por mais agnóstico que sejamos — não perdemos um dos nossos; contudo, há uma família em luto, que não foi beneficiada pela mesma sorte. ESTA É A GRANDE MERDA!
Pela semelhança do sobrenome completo o rapaz seria irmão mais novo de uma ex-aluna de 1988; mas, por cautela, não nos arriscamos citá-la. De todo modo transmitimos nossos pesares aos parentes e amigos do Marcelo — que nos é hoje muito íntimo porque por ele choramos, e muito. Este post foi redigido em incontinência lacrimal!
Providências emergenciais devem ser tomadas como proposições radicais básicas:
1. Se é uma guerra declarada, que todos possamos portar armas em coldres!
2. É crime inafiançável utilizar películas em veículos automotivos: que todos mostrem suas caras: feias ou bonitas!
3. Polícia tem que estar nas ruas 24 horas por dia em revezamento absoluto, dando garantias ao cidadão documentado!
4. A inteligência deve ser a alça de mira da polícia — e que ela esqueça a “merenda” preguiçosa no fechamento dos bares. Esses ficam abertos para que a Cidade tenha uma vida normal em tempo integral!
5. Policiamento efetivo nos cruzamentos das vias — ararinhas multam sorrateiramente, mas não possuem nenhuma autoridade policial! (Nem os agentes da CTBEL, porque caneta não intimida marginal!)
6. Privatização do sistema penitenciário: bandido tem que trabalhar duro para sobreviver, tal qual o cidadão comum!
Pedimos perdão aos leitores pelo ódio que transbordamos.
Mas esta deve “ser a gota d’água”!!!

As imagens mostram os instantes que precederam o ataque a Marcelo Iudice, que "ocorrerá" no exato momento em que o círculo (assaltante) verde e o retângulo vermelho (Polo) se "cruzarem" em um raciocínio de animação. Até essa abordagen houve acompanhamento visual, depois os moços se agacharam e nada mais viram. O carro de Marcelo Iudice parou alguns metros antes do posto de gasolina da esquina da 9 de Janeiro com a Domingos Marreiros — o que ocorreu no carro não foi visto, nem de que modo o ladrão nele adentrou.
Não há proporção no conjunto porque a escala da cena é diferente da dos automóveis e do assaltante. As duas ilustrações ampliáveis são só uma sugestão da localização do fatídico acontecimento.
BLOG HB
Postscriptum em 10 de janeiro de 2009 (como resposta aos comentários):
Houve a correção devida, com referência em matéria publicada em O Liberal, da idade de Marcelo Castelo Branco Iudice: de 28 anos, assim escrito anteriormente, para 33, atualizado no corpo do post.
A respeito de "se o blog erra no que diz" (comentário de André Simão de Lima): reproduzimos com a máxima fidelidade o que nos foi dito por dois dos quatro jovens. O comentário de Tomaz Penner, ocupante do veículo em questão, ratifica o conteúdo da postagem. Ele nos disse que o advogado chegou a sair do Polo, com as mãos pra cima, mas, como o assaltante encostou a arma em seu peito, Marcelo retornou ao volante. Se havia outro à porta do carona de Iudice, ou como o abordador entrou no Polo, isso não foi visto por eles, porque, na tentativa de se defender dos tiros, todos se abaixaram, e nessa posição permaneceram por alguns minutos após a passagem da ROTAM, com pânico de que, em confronto inevitável entre polícia e bandido, fossem alvejados.
A intenção deste post foi o desafogo de uma angústia particular extensiva à falta de Segurança Pública em Belém do Pará. Vemos que este seja um pedaço da história, um ponto de vista da cena dantesca a partir dos olhos de Penner, que estava no banco de trás de outro automóvel. Se por ventura houve confusão no relato, isso é plenamente perdoável; afinal eles foram preparados, pela família e escola, para enfrentar uma vida socialmente digna e não para cobrir, jornalisticamente, o front de uma guerra urbana.
P.S.1: O post tornou-se público no início da madrugada de quinta-feira, com percepção física do local, à meia-noite (24 horas do dia 7), para elaboração do croqui eletrônico; portanto, fizemos de tudo para não cometer erros.
P.S.2: O Fórum Social Mundial promete muitos problemas para Belém: pelo visto há um maciço investimento do crime organizado para desestabilizar o poder instituído. Que a polícia passe a fiscalizar os ônibus inter-estaduais pois, pela lógica, seriam potenciais abastecedores da Cidade com dinheiro, armas e munições. A força policial paraense, em inteligência, está muito aquém dos bandidos — que bem sabem utilizar as novíssimas tecnologias de informação.
P.S.3: Os fatores determinantes da violência, sabemos, são hitórico-estruturais, contudo, não é possível resolvê-los somente para o futuro; há necessidade de coibir os efeitos das etupidezes remotas, para que os agentes que enxergam "lá na frente" não morram antes de fazer o traçado do melhor caminho.
P.S.4: As chuvas, costumeiras e torrenciais no verão do norte do país, onde Belém do Pará está localizada, são um elemento climático favorável ao crime. Nesses momentos os beijus da polícia se escondem, mas os bandidos, que têm tática de assalto "aquático", são os donos da Cidade engarrafada. Outro tipo de fardamento e óculos de piscina deveriam ser providenciados aos soldados da PM — Polícia Militar.
(Publicado às 10:20)

12 comentários:

  1. EGUA PROFI TU EH VELHO PRA CARALHO, VAI TE PRO ASILHO OU PRO EZILHO

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  2. Por telefone nos informaram que Iudice, segundo uma emissora de TV, teria 33 anos e não 28. O dado postado foi obtido em uma viatura da Polícia Militar que emparelhou com nosso carro quando fomos checar o local, por volta de meia-noite. Aguardaremos para corrigir ou não a postagem. 28 ou 33 anos não mudam a condição de jovem — nem como adjetivo, nem como substantivo. Velho, como bem disse o sábio anônimo, somos nós, beirando os 47; mesmo assim, não nos agradaria, em hipótese alguma, perecer pelas mãos de outrem.

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  3. Postaremos abaixo, na íntegra, um e-mail enviado pelo senhor José Francisco de F. Ramos e o conteúdo de seu anexo:

    "Caros Srs. Joy Colares, Mauro Guimarães e Haroldo Baleixe, recebi a mensagem sobre esse último crime, que já estava acompanhando em discussão na comunidade BELÉM do Orkut. Todos reclamam das mortes, com a máxima razão, claro, mas poucos ainda se dispõem a refletir sobre o tema para, então, nos organizarmos e fazermos algo concreto e efetivo para mudar essa situação. Coisas urgentes e coisas importantes devem ser feitas. As últimas são de efeito mais demorado, mas em geral duradouros e efetivos.
    Coloco em anexo um texto sobre o problema (in)segurança e peço que se ocupem com o tema. Há muito o que ler. Mas sem trabalho, o que se consegue?
    Temos que nos aglutinar em volta da OAB, de alguma ONG efetiva em Belém e organizar um movimento para melhorar a segurança em Belém, no Pará, quiçá lançarmos a semente que influencie o País todo. É pensar alto demais? É, acho também. Mas há problemas que só acreditando na utopia se pode chegar a algum resultado.
    Peço que se ocupem com o material anexo. Desculpem-me o trabalho.
    E vamos pensar em ampliar esse movimento. O Sr. Joy Colares sabe do que estou falando. Estamos trocando idéias desde dezembro.
    Saudações,
    José Ramos"

    Coteúdo do anexo deste e-mail:

    "A todos que vivem em Belém ou no Pará,

    A violência na capital e no Estado está muito intensa. Mortes de pessoas do bem ocorrem freqüentemente. Em dezembro tivemos inclusive demonstração de protesto com caminhada, e outra está preparada para o próximo domingo, devido ao assassinato de um inocente numa casa lotérica (último registro: morte na 9 de janeiro X Domingos Marreiros). Pessoas das classes menos abonadas têm suas vidas ceifadas diariamente sem que a classe média e alta se sensibilize com isso, porque já é fato corriqueiro. Assaltos e seqüestros já não causam sensação como notícia. E mortes e mortes vão ocorrendo, com perdas humanas e materiais para a sociedade e a economia regional.
    Se você está preocupado com a situação de segurança e acha que algo dever ser feito, leia a documentação constante no arquivo compactado Violência urbana_teoria e percepções locais.rar. Use o software WinRar para descompactá-lo e encontrará os seguintes arquivos: 1) Para conhecimento e reflexão.doc; 2) Combate à violência.doc; 3) Janelas quebradas, tolerância zero e criminalidade.htm e 4) The Spreading of Disorder.pdf.
    http://www.4shared.com/file/79308266/313a4223/Violncia_urbana_teoria_e_percepes_locais.html
    Reflita sobre esse material e fique atento para o que poderá acontecer em Belém. É possível que a sociedade civil se mobilize de forma mais conseqüente. Se você acha que é necessário dar um basta à violência, você é um potencial participante de um movimento em favor da paz e contra a violência. Leia o material anexo. Você aprenderá sobre como se pode combater a corrupção e melhorar a sociedade em vários aspectos.
    Pela sua, nossa, a segurança de todos, concentre-se nesse tema, por favor.
    Saudações, José Ramos 07/01/2009"

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  4. Alguém tem alguma dúvida que o Marcelo Iudice foi morto pela ROTAM?
    Difícil será provar isso no momento em que os inquéritos policiais são conduzidos por bandidos fardados, pois a morada deles é a delegacia.
    Levante o dedo aquele que confie na Polícia do Estado do Pará. Aquela que pega propina de modo escancarado nos botecos da vida.
    Quem quiser ajudar que bote suas câmeras em funcionamento para denúncias na Internet porque aqui é o meio livre de comunicação, sem espaço para intermediários comprometidos.

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  5. CAPITÃO NASCIMENTO, ONDE ESTÁ O SENHOR? TRAGA O CAVERÃO ANTICORRUPÇÃO, ANTIESCULHAMBAÇÃO

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  6. Haroldo, a descrição da cena foi feita como se tu estivesses lá! Realmente, vivemos em meio a uma guerra, e a próxima vítima pode ser um dos nossos. Gostei muito de teres lembrado que estamos às vésperas do Fórum Social Mundial. Agora que o mundo virá para Belém, qual será o resultado da dissecação dos problemas sociais da nossa cidade para o estrangeiro? Sinceramente, prefiro pensar que será uma grande chance de colocar em exposição os nossos problemas e, a partir daí, buscar uma solução - que, pela gravidade da situação, já deveria ter sido encontrada.
    Sorte para nós, meu caro.
    Tomaz Penner

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  7. Grande Tomaz, meu maravilhoso garoto que já cresceu:
    Se aprovaste a descrição da cena é porque fui um bom aluno ao te ouvir em cada detalhe. Tu estavas lá, tu passate pelo sufoco que me fez chorar ao imaginar a possibilidade de perder qualquer um de vocês quatro! Nem brinca!
    (E eu sei que fizeste tolice em demorar a te abaixar!)
    Vamos abraçar essa causa em campanha: temos os nossos "jornais" para tal.
    Beijo grande meu querido amigo!
    Haroldo.

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  8. Haroldo,
    Alguns nossos me ligaram para dizer que a tua sempre lúcida e irônica razão foi suplanta pela emoção quase Barata (sem trocadilhos). Vim aqui para confirmar nas escrituras. Entendi perfeitamente o recado com o depoimento do Tomaz que pareceu um ferinha das boas e da tua resposta extremamente pessoal a ele. Ele não é filho do Tim? Sim, espero que esses "meninos" não tenham ficado traumatizados com o ocorrido "patético", como dirias tu. A vida é isso mesmo e esse é o preço de vivê-la em um mundo desigual de valores solapadores. Onde está a extensão universitária buzinada pelo Lulinha cor-de-rosa?
    Somos vizinhos da miséria e mostramos só soberba. Só quero ver o que o Maneschy, teu candidato, fará em esqueletos de vacas. Bola pra frente "Zé", torcendo para que o raio não caia duas vezes no mesmo local. Essa história de Brasil pacato nunca houve, desde 1500 estamos em plena guerra de opressoes e oprimidos.

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  9. Olá, concordo que estamos vivendo situação insustentável em nossa querida Belém. A violência se tornou banal. Entretanto, descambarmos para críticas à partidos políticos não muda nada. Os políticos sabem que uma vez no poder, nem sempre é fácil realizar as mirabolantes promessas de campanha. Isto vale para Direita, Esquerda e Centro.
    Também acho desnecessário aproveitarmos para ataques à Reitores... Entendo que todos somos responsáveis pelo que aí está. Portanto unamo-nos e lutemos por dias melhores. Fico ao dispor!
    Heloísa Bellini
    heloisabellini@hotmail.com

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  10. Li "O Liberal" e o "Amazônia Jornal" de hoje. Nenhuma das versões deles batem com a deste blog. Ou os "garotos" inventaram tudo isso, ou a polícia esconde algo.
    Na hipótese da polícia estar mentindo a coisa fica séria. Se o blog erra no que diz, cai no descrédito de seus leitores - é grave, mas, dos males, o menor.
    A história oficial é que os dois assaltantes pegaram o procurador que estava estacionado na Nove, ele reagiu negando-se a entregar o carro, daí a "justificativa" à sua morte.

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  11. MANDA ESSES TEUS PARENTES BLINDAREM OS CARROS BABACA.

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  12. HEI CARA TU NÃO LÊ JORNAL ??

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